quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um coração que bate

Um coração que bate
A luz que brilha
Sons ao longe
Uma algaravia
Latidos que se confundem com um baticum
Passos passantes passam pra não se sabe onde
Repicam no asfalto
Cheiros, gostos, tudo misturado
Tudo mesclado
Isenta
Se apresenta
Assim desse jeito
Como se não fosse
Como se devesse
Como?
Não sei
Até pensei
Que soubesse
Que fizesse
Que tivesse
Reverso
Transverso
Travesso
Possesso
Insucesso
Adverso protesto manifesto
Ou seria controverso universo?
Não seria
Porque feneceria o ser
Ser seria se sucede saduceu na Síria Cisjordania
Sem sação saxônico saxofônico sinfônico
Sem noção nacional sinusial
Os tentação tensional para dorsal
Principal posição espacial peroxidante
Fístula postiça alvissareira
Mas que no fim bate:
- toc, toc, toc...
- Quem é?
- Sou eu.
-Eu? Eu, quem?
- Eu. Mais ninguém...

domingo, 13 de novembro de 2011

Quem sou eu?

Kironíronia
Quem sou eu?

Aquele que acredita, mas que duvida que tudo vai mudar;
Que vê tudo acontecer, mas não é capaz de reagir;
Que tem medo do que sente, mas que tem vontade de sentir;
Que morre de ansiedade por mudanças, mas que quer fugir;
Que dá valor às futilidades, mas que quer ter pretensão;
Que desperdiça oportunidades e não tem reação;
Que pensa que o mundo gira em torno de si, mas incapaz das atitudes mais simples;
Que se importa sim com o que os outros pensam, e disso não consegue sair;
Que tem muito a aprender, se quiser resistir;
Que anseia a liberdade, mas que não sabe como atingir;
Que anda desorientado, mas que pensa estar no rumo;
Que não consegue ver além do próprio nariz;
Que vive fechado na sua redoma, que se chama ego;
Que não sabe o que é necessário fazer para se libertar;
E que vive em conflito tentando se encontrar, sem ao menos saber que essa é uma busca inútil, pois, quando eu pensar que realmente me encontrei, é que estarei mais perdido que nunca, e que quando eu achar que estou verdadeiramente perdido, é porque eu me
encontrei.
MFS

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ah! Se eu fosse poeta

Ah! Se eu fosse poeta,
eu saberia como te dizer as coisas!
...eu saberia como tocar lá no fundo do teu coração!
...tudo aquilo que eu desejo se tornaria realidade!
...eu teria coragem para lhe chamar para sair!
...eu lhe daria flores, lhe encheria de amores!
...eu seria a pessoa mais feliz do mundo!
...eu não ficaria mais mudo!
...junto a ti, contaria todas as estrelas!
...e só a ti eu iria querer!
...as palavras sairiam da minha boca como música!
...nosso mundo seria de sonhos!
...eu ia ter tanta coisa para te falar!
...eu não iria mais parar de te olhar!
Se eu fosse poeta...
...as palavras não caberiam mais em mim!
...quando ti visse não ficaria assim!
...ninguém mais ia rir de mim!
...eu só sentiria amor, nunca dor!
...nunca mais iria errar!
...e eu nunca deixaria de te amar!
...eu saberia exatamente o que dizer!
...eu desejaria nunca mais sofrer!
...e a vida seria enorme!
...haveria um imenso horizonte!
...e eu teria um lugar ao sol!
Ah! Se eu fosse poeta...
MFS

domingo, 6 de novembro de 2011

Il Pagliacci

Il Pagliacci

"...das perdidas ilusões." ( A quem eu quero me enganar?)
Sempre fui uma farsa de mim mesmo;
Grotesca caricatura do que nunca fui;
Tosco arremedo de tudo o que um dia já foi pensado sobre mim;
Sombra taciturna que vagueia em vão;
Títere manipulado por algum palhaço arlequim;
Mascarado que não pode ver a si mesmo;
Projeto de ser humano;
O qual em sua mesmice;
Nada vê além de seu próprio umbigo;
Cego desprovido das habilidades que lhe são facultadas;
Ogro egocêntrico duma triste fábula;
Personagem que não protagoniza nem a própria vida;
Vida que me foge como a areia entre meus dedos;
Oh! Como eu ansiava ao menos ter um pouco de certeza que fosse;
A certeza dos simples;
A que tem, quem tem que se render a um deus;
A certeza dos suicidas;
Que ao menos tem a coragem de dar cabo à própria vida;
Amo a vida!
Não amo o que fiz e tenho feito dessa minha vida;
Oh! Dúvida cruel!
Oh! Vida cruel!
Que me faz participar desse espetáculo, desse show;
No qual sou feito de palhaço;
Sem ao menos poder me despir do personagem;
Palhaço eterno;
Desse circo que quiçá, nunca há de se desmontar.
 MFS

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

BR-262/MG (08/2011)
Ah se eu fosse poeta II

Um dia me perguntaram se eu era poeta;
Poeta?! Eu?! Não!?
Seria muita pretensão;
Não acredito que eu seja poeta;
Antes,
Sou um amante da poesia;
Amante, que como muitos outros,
Não é amado.
Ó poesia, musa ingrata!
Que a tantos amou e a tantos outros ignorou;
Deixe-me deitar em teus braços;
Sentir tua essência;
Inundando minh'alma;
Com teus eflúvios, teus fluídos,
Tua graça.
Ó poesia, não me deixes;
Mesmo que não me ames,
eu ti amarei;
Mesmo que não me queiras,
eu ti quererei;
Mesmo que não me desejes,
eu ti desejarei.
Porque a mim não me resta mais nada,
Além de ti;
Nem amor,
Nem dor,
Só essa vontade de deitar em teu colo,
E ficar...
...por toda eternidade!


MFS

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Morte à morte!




Morte à morte!

... e mais uma vida que chega ao seu fim;
Será que existe jeito de romper com esse destino?
De sermos encerrados em uma cova rasa em cima de um punhado de cal?
Será dessa forma que a divindade nos faz expiar todo o mal?
Ou será que assim estamos todos ao bel-prazer do seu louco desatino?
Um renascer-morrer, círculo vicioso, eterno sem-fim?
Ou então, nada mais, última chance que temos afinal;
Será que o sentido da vida se resume em não ter sentido?
Choramos nossos mortos, rimos das nossas desgraças, o que mais há a fazer?
Tudo e todos retomam seus ritmos, isso é viver;
Vamos rezando (para quem?) para que o nosso apagar não seja ruim (existe bom apagar?!).
E que eu seja afastado (até quando?) do último ato do ser.
Que é o morrer!!!
MFS

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A chama


A chama

A chama da vela vai dançando lentamente;
Derretendo a cera com seu ardor incandescente;
Um facho de luz iluminando as trevas;
Que dominam a noite e o meu sono;
E que me remete à própria existência;
Não é a consumação da vela, a metáfora da vida?
Um dia a chama há de se apagar, (e então?);
...chegará o momento de expirar;
A vela vai cumprindo seu papel...
...de vela;
E eu?
...mais apagado do que uma vela que chegou ao seu final.
MFS